segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
A história real do zumbi do Haiti
Em 1980, um homem apareceu numa vila rural do Haiti dizendo ser Clairvius Narcisse, que havia morrido no Hospital Albert Schweitzer, de Deschapelles, Haiti, em 2 de maio de 1962. Ele se dizia consciente mas paralisado durante sua suposta morte: ele até teria visto o médico cobrir seu rosto com um lençol. Narcisse disse ter sido ressuscitado e transformado em zumbi por um sacerdote, mediante o uso de uma combinação de drogas. Seu caso provocou um considerável interesse e algumas investigações científicas.
Segundo relatórios, Clairvius foi envenenado com uma mistura de diversos venenos naturais para simular sua morte. Alegou-se que o instigador da intoxicação foi seu irmão, com quem tinha tido uma disputa pela venda de umas terras. Segundo seu relato, após sua “morte” e posterior enterro em 2 de maio de 1962, seu corpo foi desenterrado e lhe foi dada uma massa feita de Datura, a qual em determinadas dose tem efeitos disociativos e alucinógenos e pode causar perda de cor. Seu novo “amo”, um Bokor (bruxo) obrigou-lhe, junto com muitos outros zumbis escravos, a trabalhar em umas plantações de açúcar até que o bruxo morreu em 1964.
Depois daquilo e de cessarem as doses regulares do alucinógeno, Clairivius finalmente recuperou a sensatez – diferente de muitos outros que sofreram danos permanentes no cérebro – e voltou com sua família. Em 18 de janeiro de 1980 foi encontrado vagando, seminu e em estado de choque nos arredores de sua cidade natal.
O antropólogo americano Wade Davis investigou o caso e analisou algumas dessas “poções de zumbi” feitas pelos sacerdotes da região. Percebeu que o único ingrediente comum a todas elas era um tipo específico de baiacu. Esse peixe possui no fígado e nos órgãos sexuais um potente veneno, chamado tetrodoxina, que paralisa o sistema nervoso central e pode fazer as pessoas parecerem mortas. Ele também analisou a substância usada para manter os zumbis em estado de estupefação e percebeu que eles eram feitos da Datura stramonium, uma planta com fortes substâncias psicoativas. A imagem de uma pessoa que ressuscita para andar tonta e cambaleante pelas plantações não era, portanto, tão fora de propósito.
Ninguém sabe se a descoberta de Davis é a resposta definitiva ao mistério. Por via das dúvidas, o código penal do Haiti determina que fazer uma pessoa parecer morta a ponto de ela ser enterrada é considerado assassinato, não importa o que aconteça depois.
Narcisse foi o incentivo para o Projeto Zumbi: um estudo sobre as origens dos zumbis feito no Haiti entre 1982 e 1984. Durante essa época, o etnobotânico e antropólogo Wade Davis viajou pelo Haiti na esperança de descobrir o que dá origem aos zumbis haitianos. Veja abaixo vídeo onde Wade Davis fala sobre zumbis.
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